Naamã vence o orgulho – Estudo e Pregação (2 Reis 5:1-19)
Esboço de pregação e estudo em 2 Reis 5:1-19 com o tema: Naamã vence o orgulho. Sermão com lições sobre Naamã e sua cura da lepra.
Tema: Naamã vence o orgulho – Estudo e Pregação
Naamã era um gentio, comandante do exército de uma nação inimiga e, portanto, não é de se admirar que a congregação em Nazaré tenha se irado contra Jesus, interrompido seu sermão e o carregado para fora da sinagoga.
Afinal, por que o Deus de Israel iria curar um homem gentio que não fazia parte da aliança? Era um inimigo que havia raptado meninas israelitas e um leproso que havia sido colocado em isolamento para esperar pela morte.
Essas pessoas não tinham conhecimento algum da graça soberana de Deus. Assim como Naamã, encheram-se de ira, mas, ao contrário de Naamã, não se humilharam e confiaram no Senhor.
A experiência de Naamã com Eliseu ilustra para nós a obra da graça de Deus ao salvar os pecadores perdidos.
I. Precisando do Senhor (2 Reis 5:1-3)
O rei da Síria era Ben-Hadade II, e, em seu cargo de comandante do exército, Naamã era o segundo no poder. Porém, com todo seu prestígio, autoridade e riqueza, Naamã era um homem condenado, pois, sob seu uniforme, escondia-se o corpo de um leproso.
O versículo 11 indica que a infecção estava limitada a apenas um lugar, mas a lepra tem a tendência de espalhar-se caso não seja tratada e, por fim, leva à morte. Somente o poder do Deus de Israel podia curá-lo.
Naamã não sabia, mas o Senhor já havia operado em seu favor ao dar-lhe vitória sobre os assírios. Jeová é o Deus de Israel e da aliança com seu povo e pode usar qualquer pessoa, salva ou não, para realizar sua vontade (ver Is 44:28; 45:13; Ez 30:24, 25).
O Senhor também mostrou sua bondade ao permitir que Naamã levasse a menina israelita para casa a fim de servir sua esposa.
A menina era uma escrava, mas, porque confiava no Deus de Israel, era livre. Mais do que isso, testemunhou humildemente de sua fé para sua senhora.
Suas palavras foram tão convincentes que a mulher contou ao marido, que, por sua vez, informou o rei. Nunca subestime o poder de um simples testemunho, pois Deus pode pegar as palavras dos lábios de uma criança e levá-las aos ouvidos do rei.
Apesar de não haver qualquer afirmação explícita nas Escrituras de que a lepra seja um retrato do pecado, ao ler Levítico 13, podemos ver claramente a existência de paralelos.
Assim como a lepra, o pecado não se atém à superfície, mas atinge as camadas mais profundas (v. 3), espalha-se (v. 7), contamina (v. 45), isola (v. 46) e só serve para ser queimado pelo fogo (vv. 52, 57).
II. Buscando ao Senhor (2 Reis 5:4-10)
Naamã não poderia sair da Síria sem a permissão do rei e precisava de uma carta oficial de apresentação para Jorão, rei de Israel.
Afinal, a Síria e Israel eram inimigos, e a chegada de um comandante do exército siro poderia causar um grande mal-entendido.
Tanto Naamã quanto Ben-Hadade partiram do pressuposto equivocado de que o profeta faria o que o rei lhe ordenasse e que, tanto o rei quanto o profeta, esperavam receber presentes caros em troca do serviço.
Por esse motivo, Naamã levou consigo mais de trezentos quilos de prata e mais de sessenta quilos de ouro, além de vestimentas caras.
A serva não havia dito coisa alguma sobre reis ou presentes, mas apenas indicara Eliseu, o profeta, dizendo à sua senhora o que o Senhor poderia fazer.
O rei Jorão poderia ter honrado ao Senhor e começado a construir a paz entre a Síria e Israel, mas ele não aproveitou essa chance.
Apesar de 2 Reis 3:11 dar a entender que Jorão e Eliseu não eram amigos chegados, o rei sabia quem Eliseu era e o que poderia fazer; sem dúvida, sabia que a missão de Israel era dar testemunho às nações ímpias a seu redor (Is 42:6; 49:6).
Porém, as preocupações de Jorão eram de caráter pessoal e político e não espiritual, e o rei interpretou a carta como uma declaração de guerra. Assustado com essa ideia, rasgou impulsivamente as vestes, algo que os reis raramente faziam.
O profeta estava em sua casa na cidade de Samaria, mas sabia o que o rei havia dito e feito em seu palácio, pois Deus não esconde de seus servos coisa alguma daquilo que precisam saber (Am 3:7).
Sua mensagem a Jorão deve ter exasperado o rei, mas, ao mesmo tempo, Eliseu estava salvando Jorão de um vexame pessoal e de possíveis complicações internacionais.
Por certo, havia um rei assentado em seu trono, mas também havia um profeta em Israel! O rei não poderia fazer coisa alguma, mas o profeta era um canal do poder de Deus.
Eliseu sabia que Naamã precisava ser humilhado antes de receber a cura. Acostumado com o protocolo do palácio, esse líder estimado esperava ser reconhecido publicamente e receber expressões exageradas de apreciação pelos presentes generosos que havia trazido consigo, pois era assim que os monarcas procediam.
Porém, Eliseu nem sequer saiu de sua casa para receber o homem! Em vez disso, enviou um mensageiro (Geazi?) instruindo o general a percorrer os cinquenta e poucos quilômetros até o rio Jordão e mergulhar sete vezes no rio, depois do que estaria purificado de sua lepra.
Naamã havia buscado ajuda, e sua busca havia chegado ao fim.
III. Resistindo ao Senhor (2 Reis 5: 11, 12)
Se Naamã começou sua jornada em Damasco, então havia viajado mais de 160 quilômetros para chegar a Samaria, de modo que mais uns 50 e poucos quilômetros não deveriam tê-lo perturbado.
Porém, o general enfureceu-se, e a causa fundamental dessa ira foi seu orgulho. Ele já havia decidido em sua mente como o profeta iria curá-lo, mas não era assim que Deus trabalhava.
Antes de os pecadores poderem receber a graça de Deus, devem sujeitar-se à vontade do Senhor, pois “Deus resiste aos soberbos; contudo, aos humildes concede a sua graça” (1 Pe 5:5; ver Rm 10:1-3).
O Dr. Donald Grey Barnhouse costumava dizer: “Todos têm o privilégio de ir para o céu à maneira de Deus ou para o inferno à sua própria maneira.”
O Senhor já havia começado a trabalhar no orgulho de Naamã, mas ainda havia mais por vir. O rei Jorão não era capaz de curá-lo, e o profeta não foi à corte nem saiu de casa para saudá-lo; além disso, deveria mergulhar num rio sujo não uma, mas sete vezes.
E pensar que ele era um grande general, o segundo no comando sobre a nação da Síria! “Era exatamente essa a complicação”, disse o evangelista D. L. Moody ao pregar sobre essa passagem. “Naamã já havia determinado, por sua própria conta, de que modo o profeta deveria curá-lo e se zangou pelo fato de o homem de Deus não seguir seus planos.”
Naamã tinha outro problema: preferia os rios de Damasco em vez do lamacento rio Jordão. Acreditava que a cura viria da água, de modo que o mais lógico era pensar que, quanto melhor a água, melhor a cura.
Preferia fazer as coisas a seu modo e viajar mais de 160 quilômetros a obedecer a Deus e percorrer 50 quilômetros! Estava, ao mesmo tempo, tão perto e tão longe da salvação!
IV. Confiando no Senhor (2 Reis 5:13-15a)
Mais uma vez, o Senhor usou servos para cumprir seus propósitos (vv. 2, 3).
Se Naamã não estava disposto a ouvir a ordem do profeta, talvez desse atenção ao conselho de seus próprios servos.
Eliseu não lhe pediu para fazer algo difícil ou impossível, pois isso apenas teria aumentado o orgulho do general. Pediu que obedecesse a uma ordem simples, realizando um ato de humilhação, e não havia nada de irrazoável em sujeitar-se.
Quando Naamã contou essa história na Síria e chegou a esse ponto do relato, seu amigo lhe perguntou: “Você fez isso?”. A fé que não conduz à obediência, na verdade, não é fé.
Quando o general emergiu da água pela sétima vez, sua lepra havia desaparecido e sua pele estava como a de uma criança.
Na linguagem do Novo Testamento, havia nascido de novo (Jo 3:3-8). “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus” (Mt 18:3).
Por meio de sua obediência, Naamã demonstrou ter fé na promessa de Deus, e o Senhor purificou-o da lepra. Citando novamente D. L. Moody, “Ele perdeu a calma, perdeu o orgulho e perdeu a lepra; essa costuma ser a sequência pela qual os pecadores orgulhosos e rebeldes são convertidos.”
Naamã deu um testemunho público claro de que o Senhor Deus de Israel era o único e verdadeiro Deus vivo, o Deus de toda a Terra. Renunciou aos falsos deuses e ídolos da Síria e se identificou com Jeová.
IV. Servindo ao Senhor (2 Reis 5:15b-19)
Assim como todo cristão recém-convertido, Naamã ainda tinha muito a aprender. Havia sido salvo e curado ao crer na graça de Deus, mas precisava crescer na graça e na fé e aprender a viver de modo a agradar ao Deus que o havia salvo.
Em vez de apressar-se a voltar para casa e compartilhar as boas novas, Naamã voltou à casa de Eliseu para agradecer ao Senhor e a seu servo (Lc 17:11-19).
Isso significava viajar mais 50 quilômetros, mas o general deve ter percorrido o caminho todo se regozijando.
Seu desejo de recompensar Eliseu foi natural, mas se o profeta tivesse aceitado o presente, teria tomado o crédito para si e tirado a glória que pertencia a Deus.
Além disso, teria dado a Naamã, um recém-convertido, a impressão de que seus presentes tinham alguma relação com a salvação.
Abraão havia recusado os presentes do rei de Sodoma (Gn 14:17-24), e, posteriormente, Daniel recusaria a oferta do rei (Dn 5:17); Pedro e João rejeitariam o dinheiro de Simão (At 8:18-24).
Naamã estava começando a crescer em sua compreensão do Senhor, mas ainda havia um longo caminho a percorrer.
Eliseu recusou os presentes, mas Naamã perguntou se poderia levar consigo uma porção da terra de Israel para a Síria, a fim de usá-la em sua adoração a Jeová.
Naquele tempo, as pessoas acreditavam que os deuses de uma nação habitavam naquela terra, e quem saísse daquela terra deixava o deus para trás.
Mas Naamã havia acabado de testemunhar que só Jeová, o Deus de Israel, era o Deus de toda a terra (v. 15)!
No entanto, levar aquela terra consigo foi um ato de coragem, pois seu senhor e seus amigos perguntariam a Naamã qual era o significado daquilo, e ele teria de falar de sua fé no Deus de Israel.
Em seu segundo pedido, Naamã mostrou discernimento incomum, pois se deu conta de que o rei esperaria que ele continuasse a executar seus atos oficiais na posição de comandante do exército.
Isso incluía acompanhar o rei ao templo de Rimom, o equivalente siro ao deus Baal. Naamã estava disposto a realizar esses rituais externamente, mas queria que Eliseu soubesse que não o faria de coração.
Naamã anteviu que sua cura e sua vida transformada teriam impacto sobre a corte do rei e, um dia, levariam à salvação do rei.
É interessante que Eliseu não lhe tenha dado um sermão nem o tenha admoestado, mas apenas lhe tenha dito: “Vai em paz”. Essa era a bênção habitual da aliança que os israelitas invocavam quando as pessoas partiam de viagem.
O profeta iria interceder por ele e confiar que Deus o usaria em seu novo ministério na Síria. Que grande testemunho Naamã poderia ser naquela terra de trevas – e teria a companhia de sua serva!
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